Porque "Caderno da Gabi"?... Bom, o "da Gabi" é óbvio né? (risos) Mas "Caderno"... sempre gostei de Caderno, Bloquinho, Caderninho de Anotações. Adoro fazer listinhas, escrever alguma boa ideia ou só uma ideia, não necessariamente boa.

sábado, 5 de maio de 2012

Acho que isso é Amor


Esse nao é um discurso de denuncia e muito menos lamúria, muito pelo contrario. Escrevo isso com os olhos encharcados de alegria, alegria que transborda do coração. Saindo de casa com um olhar sensível, dádiva que herdei da minha avozinha linda, minha poetiza Edith, me deparei com um serzinho carente daqueles que sempre despertam em mim aquele instinto "maternal" impulsivo e, por muitas vezes, incontrolável de ir ajudar... Era um cachorrinho preto, de porte médio, com jeito de filhotão, perdido na rua, andando com dificuldades  com as costelas à mostra. Meu impulso foi diminuir a velocidade do carro pra acompanhá-lo por mais alguns segundos. Quando pensei em abrir mão do meu horário no salão e descer, antes mesmo que me preocupasse o suficiente, vi uma pote daqueles de sorvete com água, cuidadosamente colocado na calçada, nem no caminho nem escondido demais. Continuei observando e veio uma senhorinha com um andar de gente humilde, com mãozinhas de carinho, carregando outro pote de sorvete com um pouco de ração... Ela estava procurando o lugar ideal para colocar a refeição do peludinho. No rosto dela tinha preocupação com a vida, muita bondade e nenhuma preocupação com a crítica alheia. Me alimentei com a atitude gratuita dela e segui.

Mais à frente, no sinal entre Prudente e Contorno, tinha uma rapaz de altura média com roupas em farrapos e um menino com mais ou menos 8 anos muito ativo que vestia uma bermuda vermelha que provavelmente saiu do armário de alguém muito maior do que ele em época de doação. O mais velho segurava uma faixa que promovia panos alvejados, 5 panos por 10 reais. Na faixa dizia que gostariam de comprar uma lugar pra morar pois pagavam aluguel... Fiquei lendo a faixa, oscilando entre a vontade de ajudar e a dúvida. Admirei que a faixa fosse para vender e não pedir.
No sinal estavam parados carros de cores, marcas, estilos e categorias diferentes... com seus respectivos condutores, "categorizados" pelo meu Eu preconceituoso. Enquanto eu pensava se tinha ou não 10 reais vi um movimento ao meu lado, era o motorista do caminhãozinho caindo aos pedaços, chamando o menino da bermuda vermelha com uma nota de 10 reais na mão. O menino veio correndo e sorrindo, entregou os panos, o motorista, também com um sorriso no rosto, agradeceu. O mais velho que segurava a faixa, com uma expressão impressionantemente serena também agradeceu de longe, colocou a mão no peito demonstrando gratidão verdadeira. O sinal abriu e seguimos... Eu, nesse momento então desmanchei. Uma situação que provavelmente já presenciei diversas semelhantes, dessa vez, me tocou profundamente.

Fiquei tranquila para seguir, com o coração feliz e a certeza que em um mundo onde antes eu via predominantemente a crítica e o preconceito está cada vez mais belo. O brasileiro pode ter inúmeros defeitos, mas é um povo de coração quente.
Fiquei orgulhosa de ter me permitido enxergar esses momentos e de sentir de corpo e alma essa experiência de sensibilidade humanizadora ao invés de me irritar com o trânsito como me é comum.

Acho que isso é Amor.

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